Um pastorzinho, só, mortificado,
longe
está de prazer e de contento,
firme
em sua pastora o pensamento
e
o peito pelo amor dilacerado.
Não chora por o amor o ter chagado,
pois
não lhe dói assim ver-se afligido,
embora
o coração tenha ferido;
chora
só por pensar que é olvidado.
Que só por pensar que é olvidado
por
sua bela pastora em dor tamanha
se
deixa maltratar em terra estranha,
o
peito pelo amor dilacerado.
E diz o pastorzinho: Ai, desgraçado
daquele
que meu amor tornou ausência,
e
não deseja gozar minha presença,
o
peito por seu amor dilacerado!
E ao fim de muito tempo, alcandorado
sobre
uma árvore, abriu seus braços belos,
e
morto assim ficou, suspenso deles,
o
peito pelo amor dilacerado.
São
João da Cruz
Espanha,
1542-1591
Trad.
José Bento
in
Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor:
Assirio & Alvim
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