Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

12 de novembro de 2011

Miguel Trigueiros: Juramento





Lembras-te, Amor? No alvor do casamento
Baixou sobre nós dois a luz dos céus.
Nossos olhos beijaram-se um momento;
E fizemos, então, o juramento:
- Só um do outro e os dois de Deus!

Lutei para cumprir o prometido.
Meu corpo e a minha alma são só teus.
Quando a voz das paixões me traz vencido,
A voz do amor segreda-me ao ouvido;
- Só um do outro e os dois de Deus!

À minha volta soa, noite e dia,
A risada escarninha dos ateus…
Cravam-se os estiletes da ironia;
Eu calo, e rezo a minha litania:
- Só um do outro e os dois de Deus!

Cerca-me a tentação, velha serpente
Escondem-me o horizonte magros véus,
Que importa meu Amor? Teimosamente,
Hei-de gritar à vida, frente a frente:
- Só um do outro e os dois de Deus!

E amanhã, quando a morte, de mansinho,
Vier pedir ao mundo o nosso adeus,
Hão-de os anjos cantar, devagarinho:
- Terão na eternidade um só caminho,
pois são um do outro e os dois de Deus!

Miguel Trigueiros
(Portugal) 

1 comentário:

Anónimo disse...

Este poema foi-me oferecido nos anos 70, não pode ser de 2011!